/r/EscritoresBrasil
Um espaço amigável para escritores com qualquer nível de experiência/habilidade.
Tecnologia #5
Bem vindos! Esse é um espaço criado para a comunidade brasileira divulgar seu textos, ler boas histórias e aprender em conjunto novas formas de escritas!
Todos são bem-vindos a postar seus textos, mas sintam-se à vontade para contribuírem para a comunidade de qualquer maneira que achem ideal!
/r/EscritoresBrasil
Olá pessoal, sou escritor amador e gostaria de postar meus textos para receber críticas e feedbacks. Tenho um blog onde posto mas quase não tem visitas.
Como são contos curtos ou crônicas, não escrevo no wattpad. Então queria saber onde ou como poder receber estes feedbacks.
Boa tarde, noite ou dia, eu comecei a fazer roteiros de nicho hot, mas tenho 0 experiência/familiaridade com esse tipo de escrita.
Mas basicamente tenho que escrever conteúdo visando os gringos, por onde eu deveria começar? Alguém já fez algo parecido?
Des de já agradeço a atenção :)
O universo colapsava ao seu redor, mas ele não podia parar de correr. Cada fibra do seu corpo, cada célula, cada molécula dando o máximo de si neste último e decisivo impulso.
A realidade gritava "você não chegará a tempo". Seus músculos ameaçavam traí-lo. Todavia, desistir não era uma opção.
Então ele correu. Escadas foram puladas lance a lance. Portas abertas com uma violência descomunal. Apenas mais um pouco... apenas mais alguns passos... apenas mais uma fechadura...
E então, sob a entrada de sua casa, ele notou: era tarde demais.
- Caralho... me caguei!
(Tentativa de fazer um conto mais longo do que estou acostumado, ainda falta o trágico final)
Havia uma ave de rapina, de penas acinzentadas e um bico pontiagudo que dispunha de uma encurvadura assim como uma cor de preto raro e opaco que também tingia sua pele, que atiçava voou entre os ganhos de uma longa árvore poderia abraçar todo um estábulo com os seus extensos ramos.
Desbravando a intensa floresta ainda de muito alto, passava entre as mais diversas bestas que buscavam saciar o incômodo que os estigará a caça em uma distância segura, passando por um urso de pelagem prateada de porte robusto e enaltecido, era 3 a 5 vezes maior que a ave, e com a continuidade do voo se viu dispersas entre uma árvore a cada poucas dezenas marcas dispostas ao longo de seu do seu domínio.
A anseia da predação alada renegou as oscilações de luz e sombras abaixo das árvores do bosque negro e selvagem, um momento depois as arvores cada vez mais espaçadas davam lugar a um a cunes entre planícies onde uma enorme muralha de pedras velhas demais se lembrarem em qual dinastia ou monarquia haviam sido eleitas e sobreposta umas contras as outras para compor a fortificação marco de um passado.
Para além da grande estagnação rochosa térrea e serpentina em formato largo, das projeções das figuras de vestes pesadas e armas empunho que dotavam a inseguridade do dia seguinte em seu semblantes e da constituinte figura singular que detinha o peso de tantas vidas ali diante dela, se via ainda distante além das pedras hordas e hordas de seres aberrantes que romperam o momento em selvageria dispostas de uma figura armadurada tão singular quanto um general que proclama a morte dispõe.
Não foram poucas as bestas ágeis que tomaram velocidade, se distanciando aos poucos da massa de aberrações, e investiram contra as altas muralhas. Garras e presas protestaram com a resiliência das pedras, até o ponto que o protesto se converte em auxílio no formato de uma rápida subida por meio das falhas, brechas e fissuras da inconformidade e insegurança humana, mas não antes da textura áspera e pontiaguda cortasse e rasgasse a superficialidade da carne da irracionalidade.
Lanças, flechas ou mesmo olho escaldante foram de encontro aos alpinistas da obra arquitetônica em forma de fortaleza. Alguns urraram enquanto caíam e eram devorados pelas formas desumanas bípedes que agora se chocavam contra o paredão de rochas milenares, amontoadas umas sobre as outras, mas sem a destreza das primeiras.
Outras deformidades que escalavam urraram e gemeram caladas enquanto terminavam sua subida e se projetavam a frente de muitos soldados com medo demais para usar as armas que tinham em mãos, neste momento não mais preso pela árdua tarefa, gritos e sons ensurdecedores ecoaram dos corpos mutilados com ódio frio como se aliviasse a dor das feridas abertas e latentes, quase pulsantes.
Mãos subiram aos ouvidos aos homens, assim como as mandíbulas serrilhadas, que disputavam em tamanho com escudos, e membros de carne desossados e quase ventosos, terríveis línguas de com dois braços de tamanho saindo que criaturas que só poderiam ser descritas como torsos serrilhados e abertos. Avançam avidamente e de forma tanto sedenta quanto gulosa em cima de homens velhos o bastante para serem chamados de “garotos”.
Ordens latidas por oportunistas dispersam os poucos números que ainda restam, tornado a sua quantidade um antónimo ainda mais forte do que seria “vantagem”. Até um momento que uma presença forte não late, ruge, ordem com a intensidade da lança de um exército.
Quem ainda estivesse disperso, já não estava mais e corriam para comprir as ordens dobrar a vanguarda ao lados dos aliados. E a presença forte, como a massa que sempre teve em mão, avança desferindo golpes as profanidades que avançavam em seus homens apenas um momento atrás, golpes pesados que arremessam porções de carne respirantes e hostis para longe ou para fora do alcance das pedras.
Uma presença forte também surge do mar de monstro, sendo esse um ser que se assemelha a um homem alto e magro em forma, a ausência das vestes acima da sua cintura revelava a indistinção de carne, ossos e pele. Seu corpo tinha uma tonalidade de carvão, mas era em seu rosto que a sua divergência com os homens, seu crânio tingido de vermelho estava exposto e se projetavam dois ramos secos de um carmesim vivo onde deveriam haver seus olhos. Também não havia lábios para saber se a criatura estava sorrindo, apenas seu claro descaso com a carne de abate que o cerca.
Durante um décimo do mover do sol por todo o seu alcance a luta de arrastou e corpos foram arrastados, metal e projeções ósseas ainda se chocavam, mas o sangue que jorrava se amalgamou com o cansaço trazendo a ruínas de muitos, racional ou não, ao ponto de ambas as presenças se fitarem por uma janela de espaço e tempo que revelava o próximo e último passo desse conflito, entre o que lutava com os homens havia o cansaço e entre o que o distinto entre as feras havia superficialidade e fascinação.
Da muralha se jogou à frente, trazendo surpresa, desespero e morte para uma dúzia de criaturas abaixo em seu pouso, já não usava mais uma massa, a bela dama de ferro portava uma espada e um escudo. Suas vestes, pesadas ao tintelar do metal, agora não eram mais vermelhas do que antes de pular da muralha, mas era mais fresco. Ela se pôs a andar em direção a criatura mantinha a indiferença suspensa e palpável no ar, uma marcha em direção a uma figura de morte.
A criatura começou um movimento lento, primeiro levou sua mão ao lado do corpo, não demorou nem um segundo para que o ar perto de sua mão se rompesse como se fervilhasse, dado espaço para o surgimento de uma matéria rochosa e liquefeita de tonalidade abrasante que se estendeu em direção a sua mão, não havendo qualquer reação da suposta carne da criatura, apenas um aperto no que seria um cabo espaçoso de uma longa espada.
O próximo movimento da criatura foi colocar a grande espada na frente de seu corpo e a alcançar com a outra mão, a espada parecia uma espada longa em sua mão, mas todos que viam a cena tinham a certeza que seu tamanho equivaleria à altura de qualquer um ali.
A cada passo, o movimento parecia ficar mais rápido até se converter em uma investida feroz, algo que foi respondido com um movimento da escada escaldante ao ser brandida rápida o suficiente para varrer o chão. A pequena figura acinzentada, em contraste com seu adversário, fez um movimento deslizando para baixo ao deslizar seus joelhos na lama e tentar cortar o calcanhar da criatura.
A lâmina deslizou pelas saliências da pele dura da criatura, havia criado uma pequena fissura entre a carne seca. O movimento se finalizou com um giro que pôs a pequena figura diante do demônio que virava a cabeça para trás para encará-la e logo depois o resto do seu corpo. Um suspiro escapou do pequeno corpo pela consideração da situação, ponderação das possibilidades e o peso de seu cansaço.
…………
Escrevi o texto abaixo (que eu também gostaria de saber qual é o tipo de texto), mas gostaria que me ajudassem a encontrar um título legal para ele, além, é claro, de dar opinião, dizer se a ideia é legal e no que dá para melhorar Minha intenção era escrever algo mórbido, com inspiração em obras como parasita (o filme coreano) e em autores como Bukowski
Éramos escravos, ela, Maria Isabel, e eu, Barnabé.
Conseguimos fugir. Naquele ano, muitos conseguiram.
Estabelecemos comunidades para nossa proteção, e, apesar de muita luta para continuar existindo, agora éramos livres.
Ogum agora era Ogum, jogamos ao mar todas as imagens de São Jorge, para que fossem destruídas por Iemanjá, e nos chamamos quilombolas.
Na expectativa de que voltássemos à servidão, anunciaram que a escravatura seria abolida, agora trabalhariamos por um salário, e a notícia correu entre nós, muitos voltaram, receberam alforria e, mais uma vez, pertenciam aos senhores de engenho.
Entre os que voltaram, estava Maria Isabel, que foi presenteada com abrigo no casarão, com refeições à mesa e um altar para Ogum, florido de girassois.
Logo Maria Isabel não somente passou a comer do lado de fora, como a imagem no altar florido não era mais de Ogum, mas de Jorge.
Eu, que olhava do mato, percebia a aproximação: a cada dia que passava, menos mato tinha, e mais a cerca avançava, logo, nossa comunidade estaria em risco.
Então, o quilombo planejou: vamos de noite, vamos pelo rio, seguimos Iemanjá e não voltamos.
Eu não podia. Embora meu corpo estivesse livre, minha alma estava aprisionada. E eu fiquei, e continuei olhando.
Naquela noite, Maria Isabel entrou no casarão depois de comer com os porcos, mas não saiu mais.
Decidi entrar, quando a vejo, Maria Isabel, de pé, com seu vestido branco tingido de vermelho com o sangue de seu senhor e um sorriso de orelha a orelha: não me contive, tamanha era a beleza de seu sorriso que me fez sorrir também.
— vem, vamos pelo rio — disse, enquanto estendia a mão.
Edições: formatação de texto
Desconstrua meus olhos multifacetados, comprima os até que eles enxerguem apenas preto e branco. Segure cada passo meu com as suas próprias mãos e faça com que eu ande apenas por onde você já passou. Rasgue para fora de minha pele minhas articulações humanas complexas e móveis e as substitua por metais rígidos e enferrujados enquanto retira o ar natural de liberdade que meus pulmões respiram, trocando por gases tóxicos de encarceiramento. Grite em meus ouvidos até que eles ouçam apenas o que você diz que eles deveriam. Me modifique e reconstrua por completo, não para adicionar coisas novas, mas para se prender mais fortemente as antigas.
Utilize de sua conversa suja para encardir meu cérebro e fazer com que eu pense em ideais apenas como pequenas sugestões ditas por uma criança, me faça pensar que é a única forma de sobreviver de verdade, passe por cima de tudo que importa com a desculpa de que "É melhor assim".
E eu tento acreditar no que você diz, e por alguns minutos consigo, eu cogito se vender toda minha humanidade me traria mais ganhos, mas um pedaço colorido por baixo de toda a pele que foi acinzentada não me deixa completar minha transformação.
Porém, assim que esse pedaço for sufocado, e minha transformação estiver completa, você vai me trazer ensinamentos guardados em um pergaminho deteriorado e manchado contando sobre como fazer exatamente o que você fez comigo. Para que o ciclo nunca termine. Para que cada gota de identidade se escorra, para que tudo se perca no cinza.
Sou escritor de terror psicológico e temas sensíveis. Atualmente, estou trabalhando em uma nova obra que acredito ter um grande potencial. No entanto, essa história não será sucinta ou vaga, pois pretendo abordar questões pesadas e perturbadoras de maneira direta, deixando espaço para a interpretação do leitor, mas sem amenizar os erros e atrocidades que os personagens cometem. Meu maior receio é ser mal interpretado e tratado como alguém que compactua com os atos descritos no livro. Já enfrento julgamentos por minha escolha de gênero e, às vezes, sou visto como um "psicopata" apenas por explorar esses temas.
Às vezes, me encontro à beira do abismo, contemplando o sombrio e encontrando ali uma beleza que poucos percebem. Há poesia na desordem, nas sombras que se alongam, nos tons melancólicos do crepúsculo.
As cicatrizes da vida me fascinam: marcas de resistência, testemunhos de uma força que persiste. No desmoronamento, vejo o sagrado — rachaduras que contam histórias de humanidade e luz escondida na escuridão.
No terrível, descubro uma verdade silenciosa e crua. Minha missão é revelá-la: a beleza existe, mesmo onde o olhar comum não alcança.
Ele chega tarde, os passos pesados de quem já conhece o tempo. Traz na pele um silêncio antigo, como se a vida fosse um fardo de pequenas mortes.
Eu o observo acender outro cigarro, a fumaça rodopia entre nós, um ponteiro mudo, girando sem rumo. Somos dois desertos que se tocam sem a promessa de oásis.
Mas há um pacto invisível entre nós. No escuro, seus olhos encontram os meus, e por um breve instante, somos cúmplices na travessia do vazio. Ele fala, e eu escuto, não para entender, mas para estar ali, presente na distância que nos une.
Minha juventude não o assusta, sua idade não me pesa. Somos dois estranhos que se reconhecem no intervalo exato entre a palavra e o silêncio.
No impasse, a beleza não é promessa, mas a aceitação do que somos: dois corpos, dois mundos, partilhando o mesmo instante finito, como quem compartilha um segredo que ninguém mais saberá.
É uma terça feira, ele a encontra nos corredores do colégio, entre os armários, ao lado de uma janela que permitia uma leve e suave corrente de ar. Essa corrente de ar que tornava aquele corredor incrivelmente agradável e aconchegante pra se estar a dois, aquele mesmo corredor que fora o lugar de muitos bons momentos e de tantos outros de sensações diversas. Momentos esses quase sempre a dois, apenas os dois. Nesse lugar ele a fita nos olhos, e com a frieza que uma sensação já maturada por semanas em seu interior lhe proporciona toma coragem e anuncia sua vontade de terminar aquele relacionamento. Após quase três anos juntos, e de um milhão de eventos, conversas e confissões. Após tantas experiências a dois, memórias compartilhadas, discussões acaloradas, piadas internas, e conflitos; Depois de toda aquela explosão de sensações especialmente intensificadas pela adolescência e dopamina, aquilo tudo simplesmente chegou ao fim.
CENÁRIO: Uma sala de laboratório, aonde os cinco canídeos estão acorrentados, presos em uma sala. Enquanto que os humanos, estão anotando, de longe, os resultados e observações.
FENRIR (com uma raiva interna): "Os humanos... eles são um grande problema. Tiraram tudo de nós, nossas famílias, nossas vidas. Tudo. E agora, estão brincando de deuses."
RYKER (sarcástico): "Olha só... o lobinho e suas frases motivacionais, como se isso mudasse alguma coisa."
FENRIR (estressado): "Não começa..."
MAX (cansado): "Ele está certo, (olhando para o Ryker), do que adianta reclamarmos sobre eles, sendo que não podemos fazer nada. Até esse ponto, já está na hora de aceitar que eles sempre foram mais fortes. Acabou, pessoal."
FENRIR (com raiva): "Não. Não acabou, precisamos dar um jeito de sairmos daqui e acabarmos com eles."
TRICKSTER (com um sorriso): "ACABAR? AH... AGORA SIM, VOCÊ ESTÁ FALANDO A MINHA LÍNGUA!"
MAX (curioso): "E qual é o plano?"
FENRIR (focado): "Ainda não sei, mas sei que não podemos ficar mais tempo ficar aqui."
RYKER (sarcástico): "NÃO ME DIGA!!!"
FENRIR (com raiva): "Se você não quer ajudar, então..."
O diálogo é interrompido, quando os cientistas (que são jovens-adultos amadores) chegam na sala, com uma siringa na mão
TRICKSTER (susurrando): "Lá vamos nós... de novo. Quem será que vai ser a vítima agora?"
CIENTISTA 1: "Rápido! Coloque no cachorro! Ele está apresntando falhas!"
MAX (pensando): "O QUÊ? DE NOVO, NÃO!!!!"
Os cientistas, colocam rapidamente a siringa no Max, ele sente uma dor horrível, igual as outras vezes. Mas essa foi a pior, tanto que saiu lágrimas.
CIENTISTA 2: "Pronto, nem doeu. Foi um sucesso." (CONTEXTO: Eles não sabem interpretar emoções de animais)
Após alguns minutos de mais observações e anotações, os humanos finalmente saem da sala, ignorando o sofrimento de Max.
TRICKSTER (sorrindo, como se ele estivesse gostando disso): "E AÍ, COMO FOI A EXPERIÊNCIA?"
MAX (suando, com uma respiração pesada): "eu... eu não estou bem... eu..."
Max desmaia e dorme profundamente. Os outros canídeos ficam assustados e preocupados.
FENRIR (furioso): "MALDITOS HUMANOS!!!!"
JACK (preocupado): "Essa foi a gota d' água... precisamos de um plano."
RYKER (irônico): "Uau. Parabéns por perceber."
FENRIR (com raiva): "Pare raposo. Precisamos sair daqui... AGORA."
JACK (confuso): "Mas como? Essas... coisas (correntes) são fortes demais."
FENRIR (sério): "Não importa. Vamos tentar sair daqui."
RYKER (pensando): "Nossa, que porcaria. Assim, nunca vamos sair."
Assim, Fenrir, Ryker, Trickster e Jack tentam arrebentar as correntes. Mas, sem sucesso.
TRICKSTER (sorrindo): "SABE... GOSTEI DO SEU PLANO... ESTAMOS SENDO TORTURADOS INTERNAMENTE, E VOCÊ ACHA QUE, DESSE JEITO, VAMOS SAIR DAQUI VIVOS... HAHAHAHHAHAHAHAHHAHA!!!!!"
RYKER (concordando): "Pelo menos, você tem um ponto. O plano dele é patético."
FENRIR (rosnando): "GRRRRRRRRR..."
Mas o que ninguém esperava é que, do nada, Max acorda... e parece que ele está mais forte.
JACK (percebendo): "Pessoal... ele está acordando..."
RYKER (curioso): "E aí, como está se sentindo?"
MAX (respirando pesado): "Eu... me sinto mais forte..."
TRICKSTER (sorrindo): "FORTE? INTERESSANTE... OS HUMANOS DERAM FORÇA DE GRAÇA PARA ELE..."
FENRIR (sério): "Será que você consegue quebrar essas coisas?"
MAX (um pouco cansado): "Eu posso tentar..."
RYKER (pensando): "Quero só ver..."
Max usa a sua força para tentar quebrar as correntes. Porém depois de alguns segundos, ele CONSEGUE quebrar as correntes. Ninguém acreditou nisso, nem mesmo o próprio Max.
MAX (gritando de alegria): "FINALMENTE!!! LIVRE!!! ESTOU LIVREEEE!!!"
JACK (chocado): "O QUÊ?????? COMO???????"
RYKER (sorrindo): "Viva! O grandão finalmente prestou para algo!"
FENRIR (sério): "Boa. Agora, nos ajude a sairmos daqui."
MAX (feliz): "Sim, senhor."
TRICKSTER (pensando): "Quero só ver a reação dos humanos..."
Max ajuda Fenrir e Ryker a saírem das correntes.
MAX (sério): "É a sua vez, coiote."
TRICKSTER (sorrindo): "NÃO PRECISA... CONSIGO FAZER ISSO SOZINHO..."
Trickster consegue quebrar as correntes com seus dentes. Os outros ficam confusos e furiosos.
FENRIR (furioso): "PORQUÊ VOCÊ NÃO FEZ ISSO ANTES????"
TRICKSTER (sorrindo): "SABE... DIFERENTE DE VOCÊS, EU GOSTO DE SENTIR DOR E, SINCERAMENTE, NÃO QUERIA SAIR DAQUI TÃO CEDO..."
RYKER (olhando para Trickster): "Você é louco."
TRICKSTER (sarcástico): "OBRIGADO."
No entanto, justamente quando Max estava prestes para ajudar Jack, os cientistas voltam, por causa dos barulhos estranhos que ouviram.
CIENTISTA 1 (curiosa): "O QUÊ?? COMO ISSO ACONTECEU??"
CIENTISTA 2 (furioso): "Eu não sei... MAS PRECISAMOS PEGÁ-LOS..."
TRICKSTER (rindo alto): "HORA DO SHOW!!!! HAHHAHAHAHAHAHA!!!!"
Um dos cientistas avança em direção a Fenrir e Max para tentar impedi-los de fazerem algo. No entanto, Trickster avança, matando ele. Enquanto que a outra cientista pega uma arma, não fazendo idéia do que está fazendo ou do que está acontecendo.
CIENTISTA 1 (nervosa): "PAREM. AGORA."
RYKER (sarcástica): "Ohhhh... que fofa... tá com medinho da gente agora?"
FENRIR (complementando): "Dos MONSTROS que vocês criaram?"
A cientista não responde, ela quer matá-los, mas não tem coragem. Ryker aproveita o momento para... negociar.
RYKER (sorrindo): "Sabe, humana... quero fazer uma proposta..."
CIENTISTA 1 (curiosa, ainda com a arma na mão): "Do que você está falando???"
RYKER (falando com calma, se aproximando): "A proposta é simples - Ou você nos deixa em paz ou você nos mata. Simples."
MAX (furioso): "O QUÊ VOCÊ ESTÁ FAZENDO??"
Ryker não responde a pergunta de Max, ao invés disso, ele olha para ele e só faz uma pisacadinha.
CIENTISTA 1 (nervosa): "Eu... eu não posso fazer isso... eu gosto de animais... mas eu preciso fazer porque vocês estão soltos e mataram meu colega e... EU NÃO SEI O QUE EU FAÇO!!!"
RYKER (se aproximando): "O tempo está passando. É melhor fazer uma decisão..."
A cientista olha rapidamente para os cinco canídeos e, culpada, acaba largando a arma e colocando em uma mesa próxima. Ryker sorri bizarramente.
RYKER (se aproximando rapidamente da arma): "Muito obrigado."
E assim, Ryker atira na cientista, matando ela.
FENRIR (satisfeito): "Boa raposo."
RYKER (orgulhoso): "É o que eu sempre digo... Nunca confie em um raposo..."
JACK (curioso): "Você, por acaso, inventou isso agora, né?"
RYKER (não tão orgulhoso): "Sim... mas isso não importa."
Assim, Max termina de libertar Jack e saem daquela sala fria e vão em direção a um corredor.
FENRIR (liderando): "VAMOS, PESSOAL!!! CORREM!!!"
MAX (espernçoso): "EU NUNCA ESTIVE TÃO FELIZ NA MINHA VIDA!!!"
RYKER (concordando): "Nem eu."
JACK (empolgado): "Ali está a porta! Vamos lá!"
No entanto, depois que eles saem, a saída é bem decepcionante. Quando eles saíram do laboratório, eles se depararm com um cenário bem diferente, diferente do que estavam acostumados (menos Max).
FENRIR (furioso): "O QUE ACONTECEU POR AQUI???? CADÊ AS ÁRVORES??????"
RYKER (olhando para os prédios): "Mas o que significa isso?"
JACK (olhando para os carros): "Como será que os humanos conseguem criar essas coisas?"
TRICKSTER (não decepcionado): "EU GOSTEI DESSE LUGAR. É COMO SE ESTIVÉSSEMOS EM UMA REALIDADE DISTÓPICA..."
MAX (confuso): "Eu não entendo como vocês estão estranhando, essa é a famosa "selva urbana", se vocês não sabem."
JACK (confuso): "Selva urbana?"
FENRIR (concluindo): "Então esse é o lugar aonde os humanos se interagem entre si?"
MAX (corrigindo): "Um dos, há várias "selvas urbanas" por aí."
RYKER (curioso): "Eu fico me perguntando como os humanos ficaram tão poderosos, a ponto de criarem um "mundo" só deles..."
FENRIR (estressado): "Sempre foi assim. Mas... estamos perdidos, não faço idéia para aonde ir..."
JACK (confuso): "Então... ESTAMOS PRESOS???? NESSE LUGAR?"
FENRIR (decepcionado): "Sim, estamos presos, infelizmente."
RYKER (sarcástico): "Que ótimo... saímos de um lugar horrível para chegarmos para um lugar pior..."
FENRIR (discursando): "Mas, não podemos deixar isso barato. Vamos mostrar para esses animais, o que acontece quando eles ficam brincando de deuses, de seres poderosos... vamos nos vingar contra aqueles que nos subestimaram e que nos torturaram. Quem está comigo?"
TRICKSTER (excitado): "AGORA VOCÊ FALOU A MINHA LÍNGUA... ESTOU DENTRO!"
RYKER (feliz): "Eu também."
MAX (feliz): "Eu também."
JACK (confiante): "Eu também."
FENRIR (sorrindo): "Ótimo. Se preparem humanos, vocês vão se arrepender..."
A cena termina com Fenrir olhando para o Sol se pondo. Enquanto que os cinco canídeos uivam para o céu, como se isso fosse um aviso para os humanos.
FIM
Para mais contexto - https://www.reddit.com/r/EscritoresBrasil/s/yidPYAeh4E
Gostaria que avaliassem. :)
Uma lágrima solitária escorreu do seu rosto ao recordar-se do momento. Mesmo que ela não gostasse de admitir, foi doloroso de certa forma, dado a tudo que viveram. Ainda que Giselle tenha falado que “ela encontrou o lugar ao qual pertence”, e que este lugar seja ao lado do Jon… parece que a decisão não envelheceu tão bem assim. Ela continua se pegando pensando no maldito loiro dos olhos azuis às vezes, mesmo estando em um relacionamento sério com o ruivo, e isso a deixa culpada. Muito. Coisas do tipo não deveriam estar acontecendo.
— Ah, não. Eu não deveria estar chorando por isso, — ela enxugou algumas lágrimas. — Sabia muito bem da decisão que eu estava tomando. O que teve de ser foi, não há como mudar, e tudo ficou melhor assim.
Se permita sentir-se bem consigo mesma, pensou.
Seguinte, quero escrever uma cena de valsa... O problema é que não faço a menor ideia como, só sei que quero expressar ao máximo o sentimento dos personagens e transpor isso pro leitor. Não quero deixar seco, tipo, "eles dançaram durante a noite inteira perfeitamente, resultado de ensaios exaustivos nos dias anteriores", sabe?
Li que assistir uma cena de valsa e tentar descrever os movimentos dos dançarinos ajuda, mas e aí? O que eu posso fazer? Se for possível dar exemplos, seria ótimo.
Um espreitador em meio à neve:
Acatando a sugestão de A'fares, o grupo se direcionou para o oeste, onde um Cyant havia feito seu território.
Cientes da presença do Espreitador, que os seguia, o grupo manteve os olhos atentos aos arredores e às pegadas que ocasionalmente apareciam conforme eles andavam.
Após uma hora de caminhada, em um silêncio fúnebre e na estranha ausência de qualquer outro animal, um deles, Vallis, viu ao longe o que seus companheiros não podiam ver. Era difícil fazer uma análise adequada do que seria, mas parecia um pequeno monte branco que se camuflava tão bem em meio à neve que normalmente seria muito difícil vê-lo até estar perto demais. O pequeno monte se movia à medida que o grupo andava, nunca se aproximando, mas também nunca se distanciando a ponto de perdê-los de vista.
Com o Espreitador em seu campo de visão, Vallis deu um toque no ombro de Zoen, que estava mais próximo, e apontou com a outra mão para a criatura ao longe. Em reação à falha do companheiro em notar a besta, Vallis desviou o olhar e o voltou para A'fares, que liderava o caminho até o território do Cyant. Para chamar sua atenção, em voz baixa, num sussurro, chamou seu nome. Em resposta, os ouvidos de A'fares tremularam e ela se virou para Vallis, arqueando uma sobrancelha, como se perguntasse: "O que foi?".
Com a atenção dela capturada, ele rapidamente se virou novamente para onde o Espreitador estava, enquanto já apontava para ele. No entanto, apontou para o nada, pois aquele pequeno monte branco havia sumido.
Eles ficaram lá, em silêncio por alguns segundos, até que, de repente, os olhos de A'fares se encolheram no momento em que suas orelhas tremeram mais uma vez, e as escamas em sua pele, já brancas, ficaram pálidas. Sem elaborar, ela gritou em alto e bom som, cortando o silêncio.
"Merda! O desgraçado se irritou!"
Enquanto falava, ela pegou Zoen e o segurou por cima do ombro, correndo a toda velocidade, com Vallis a seguindo com esforço. Apesar do pânico do momento, ainda estava tudo em silêncio, sem um único sinal de que algo estava por perto. Mesmo assim, A'fares parecia cada vez mais nervosa, enquanto cuspia, de maneira quase compulsiva, xingamentos. Zoen, que estava sendo carregado, talvez por ser o mais lento do grupo, olhou para Vallis e indagou.
"Vallis, o que você estava querendo me mostrar...?"
Vallis, que, apesar do temor, estava mais animado do que assustado, dado o verde em seus olhos, respondeu em um tom empolgado, enquanto percorria os olhos pelos arredores de maneira frenética, em busca de qualquer traço da criatura.
"O Espreitador. Eu vi ele lá atrás. Quero dizer, acho que era ele. E, meu amigo, que visão!"
A'fares, que até então parecia mais concentrada em proferir insultos cada vez mais criativos, parou com eles por um instante e falou, enquanto aumentava o passo.
"Você fez o quê?! Puta merda, Vallis! Essas coisas odeiam quando percebem que também estão sendo observadas, seu..."
Ela respirou por um momento, pegando um de seus machados da cintura, e, em um tom mais calmo, continuou.
"Quer saber? Esquece. É culpa minha e do Zoen. Claro que alguém de fora não ia saber... Eu arranjo tempo para te esganar se a gente sair vivo daqui."
Aumentando o passo também, e já pegando sua adaga, Vallis brincou um pouco com ela entre os dedos antes de responder, com um bom humor desconcertante.
"Claro, minha cara. Mas, dada a sua reação, ele está bem perto, né? Como deve ser essa bele..."
Antes que pudesse concluir a frase, algo emergiu da neve, próximo a eles. Uma besta branca, enorme, com um corpo robusto e musculoso, e uma pelagem densa de um branco puro. A primeira coisa que fez foi avançar em direção a A'fares, que carregava Zoen, tentando golpeá-la com uma de suas patas enormes, no mínimo do tamanho da cabeça dela. No membro, havia quatro garras gigantes, brancas como marfim.
Atingindo somente o solo, a besta continuou avançando enquanto abria a grande boca, repleta de dentes afiados e quatro gigantescos caninos. Da posição em que A'fares estava, ela não conseguiria se esquivar enquanto carregava Zoen. Então, bloqueando com um de seus machados dentro da boca da criatura, o que impediu que ela a fechasse por alguns segundos, A'fares jogou Zoen para longe com o máximo de força que pôde. Em meio a um rosnado de hostilidade, revelando suas próprias presas, disse.
"Vai!"
O machado que impedia o Espreitador de fechar a boca se quebrou e, para a felicidade de A'fares, os fragmentos machucaram o interior da boca da besta, fazendo-a fraquejar por um segundo — tempo suficiente para ela abrir uma pequena distância entre eles.
Quando se recuperou, a criatura encarou com seus olhos vermelhos aquela que machucara sua boca. Suas orelhas grandes e pontiagudas se abaixaram em maior hostilidade, enquanto soltava um rosnado baixo, mas ameaçador. A'fares sorriu, talvez pela adrenalina, e seus músculos se flexionaram, enquanto suas veias se destacaram em sua pele, adquirindo um vermelho vívido. Ela pegou seu segundo machado, o último que tinha, e se preparou para a luta. Ela não sabia o que fazer, mas ou espantava o Espreitador, ou morreria.
Quando a besta estava prestes a dar seu próximo ataque, um som de carne sendo cortada pôde ser ouvido. O animal imediatamente fraquejou, virando-se para o novo agressor: Vallis. Ele já havia perdido a postura descontraída, com os olhos em um vermelho-vinho. Segurava a adaga negra, cuja superfície brilhava com runas verdes, enquanto sangue escorria da lâmina.
Enquanto A'fares atraía a atenção da monstruosidade, Vallis se aproximou rapidamente e desferiu um corte profundo no flanco da criatura, fazendo com que sangue fosse derramado em ampla quantidade na neve, agora vermelha. Ele já estava em movimento, preferindo não ficar parado e se tornar um alvo fácil.
A'fares aproveitou a distração e saltou com o machado em mãos, mirando a cabeça da criatura. Porém, teve de parar no ar quando algo perfurou seu abdômen. Era uma espécie de mistura de tentáculo e lâmina, que surgira das costas da besta. Enquanto um a empalava, outro já surgia, mirando Vallis, que corria e desviava dos ataques com dificuldade, já com vários arranhões no corpo.
Antes que o tentáculo atingisse Vallis, A'fares, com um grunhido de dor, levantou o machado e atacou o tentáculo que a prendia. Não o cortou totalmente, mas conseguiu penetrar a carne. Sem perder tempo, começou a socar o machado, forçando o caminho. A ação fez o Espreitador pausar os ataques, debatendo-se e rugindo de dor.
Com um último soco, o tentáculo foi cortado. No chão, coberta por uma torrente de sangue, A'fares tentou retirar o membro de seu abdômen. Apesar da pressa, a dor a afligia, deixando-a vulnerável.
A besta enfurecida a marcou como alvo, mas, inesperadamente, uma chama voou em direção ao rosto da criatura, espalhando-se. Mais aterrorizada pelo fogo do que pela dor, ela fugiu, desaparecendo na neve.
Ao longe estava Zoen, com uma espécie de fogueira improvisada ao seu lado, que parecia ter se apagado há pouco, e uma de suas mãos estendida para frente. Ele respirava pesadamente.
Com a situação tendo se acalmado temporariamente, Vallis imediatamente foi até A'fares e começou a ajudá-la a lidar com o ferimento. Apesar de ele mesmo estar cheio de machucados, eram menores, enquanto A'fares tinha tido o abdômen atravessado. Enquanto a via tentando tirar o tentáculo de si, ele pôs uma mão sobre o machucado e, com os olhos ainda em vermelho, disse, tentando manter o seu otimismo"
"Hã... acho melhor não. Espera eu buscar algumas coisas na minha mochila. Eu devo ter a jogado por aqui... E não mexe nisso, senão você vai vazar que nem um barril de cerveja recém-aberto em meio a um bando de alcoólatras em abstinência..."
Dito isso, ele se afastou, e não demorou muito para achar a mochila e pegar algumas bandagens, ervas e medicamentos. Colocando a mochila nas costas, ele foi até A'fares, que o esperava com certo tédio no rosto, como se não estivesse com um ferimento provavelmente letal em seu abdômen.
Com muito cuidado, o tentáculo foi retirado, mas, para a surpresa de Vallis, o sangramento foi bem menor do que ele imaginava. Vendo a surpresa dele, percebida pela breve e sutil mudança do vermelho em seus olhos para um roxo, antes de voltar ao vermelho, ela soltou uma risada quase convencida, enquanto dava um soquinho em seu abdômen. Um fio de sangue escorria de seu nariz, sem ela perceber.
"Não me diga que você acha que eu sou tão frágil assim, né? Vamos logo, eu não quero esperar aquele desgraçado voltar pra cá."
Claramente relaxando e com os olhos voltando ao azul, Vallis já estava terminando de fazer os primeiros socorros. Em resposta ao comentário atrevido de A'fares, ele deu um aperto particularmente mais forte na última bandagem. Com o procedimento concluído, ela se levantou sem aviso. Estava em más condições, cambaleou um pouco e um traço de dor passou por sua face, mas estava em condições de andar sem ajuda, apesar de não poder mais entrar em combate até se recuperar por completo.
Eles seguiram até onde Zoen estava os esperando e continuaram em direção ao território do Cyant. Enquanto caminhavam, Vallis não pôde deixar de fazer uma pergunta que o assombrava há algum tempo.
"Então... Eu sei que vocês estão falando toda essa coisa de que o Espreitador não vai nos perseguir até lá, mas essa coisa não vai tentar nos matar também?"
Respondendo sem olhar para Vallis, agora liderando o caminho, Zoen disse em um tom calmo, considerando a situação que acabara de ocorrer.
"Não. Ele não costuma atacar o que não come, ainda mais o que não representa uma ameaça clara ao domínio dele... E, nutricionalmente e em ameaça, somos insignificantes para ele."
Satisfeito com a resposta, Vallis se calou, enquanto revisava tudo o que tinha visto do Espreitador naquele breve combate. Quanto mais pensava, mais fascinado ficava. Assim, o tempo passou, e finalmente chegaram ao seu destino sem mais nenhuma complicação.
Quando estavam na borda da floresta, que era o território do Cyant, A'fares, de repente, ficou agitada novamente. Tentou se virar imediatamente e, em uma falha tentativa de se preparar para um combate, caiu no chão. O sangramento no nariz voltava, e ela começou a tossir sangue.
Sem aviso, como da primeira vez, o Espreitador surgiu. Com um talho em seu flanco, machucados na boca, um dos tentáculos faltando e parte do rosto carbonizado, ele estava em fúria e avançava de forma frenética para a equipe.
Quando ele estava bem acima deles, em um pouso que seria mortal, foi repelido para o lado por uma criatura que parecia se misturar perfeitamente àquela floresta. Seu corpo era fino, e a cor se assemelhava à das árvores: negra, com textura de madeira. Contrariando seu físico fino, era surpreendentemente forte, a ponto de subjugar com facilidade o grande Espreitador. Não se pôde ver mais detalhes, dada a velocidade com que avançara e sumira, mas, como os gritos da besta capturada cessaram em poucos instantes, era seguro dizer que agora estavam seguros, pelo menos do antigo perseguidor.
Ajudando A'fares a se levantar, Vallis estava mais focado no que pôde ver do Cyant, mal prestando atenção à companheira. Após isso, seguiram e montaram acampamento, dessa vez sem encontrar mais nenhuma ameaça tão grande e significativa quanto o Espreitador. Após todo o caos, era chegada a hora de um merecido descanso.
Um poema para escutar à noite
A voz sóbria de Abjurama cantava canções de ninar para mim.
Eu ouvia Tabacaria toda noite,
e não me importava que outros escutassem.
Havia algo magnífico naquele poema,
e eu o ouvia repetidamente, noite após noite.
Mas sempre havia trechos que não compreendia.
Quando os olhos borravam pelo sono,
meus ouvidos também se fechavam.
Adormecia minutos depois,
sem sequer ouvir metade do poema.
Tentava compreender o que a mente não entende:
o que se vê com os ouvidos e se fala com o nariz,
o que se sente com o tato da língua,
o que se experimenta com o paladar dos ouvidos.
Poemas não se escutam eles se sentem.
E, em um dia triste, após um trabalho degradante,
uma família explosiva,
uma mulher que te deixou,
quando o desgosto te consome,
é nesse instante que se abre o coração
para o poema que precisa.
Ícaro tem apenas três anos, não compreende direito porque algumas das pessoas grandes perguntam a ele sobre suas asas. Talvez ele as tenha, como os pássaros que observa levantarem voo da sacada de sua casa. De lá ele contempla carros indo e vindo pra lugares vários, assim como um deles leva sua família para a casa de sua avó. Curioso por saber como as coisas funcionam escala as grades da sacada com a ajuda de um banquinho e se atira do segundo andar ansioso por saber como se usa suas asas.
Eu não vejo sentido nisso, ter de regurgitar palavras, expor pensamentos a toda sorte de gente, me despir do que ignoro intencionalmente, somente pelo equilíbrio, ou simples escrutínio. Apenas pela leveza de expor o que quer que seja a quem quer que seja, e no expurgo das ideias aí sim poder contemplar o que não pode ser visto enquanto reprimido e enclausurado na confusão de pensamentos da minha mente.
Me recuso a expor aqui o que gostaria de gritar a todos, e até mesmo ouvir de todos e por todos os lugares. Pois tamanha coisa seria apenas loucura aos olhos dos que não são capazes de vir a entender. Existe um culpado nisso tudo, sempre existe um culpado. Mas porque me condenar a essa árdua missão de encontrar o responsável se posso simplesmente vir aqui bravatear com a elegância das palavras?
Acordei e eram 6:12, odeio acordar antes do despertador. Pelo menos posso apreciar minha cama quentinha enquanto espero ele tocar. Ouço apenas o relógio de ponteiros na cozinha, fico escutando os segundos passarem. Não abro meus olhos, apenas vejo a imagem do ponteiro mudando a cada segundo e ouço o som que é gerado pelo seu movimento. Cada segundo fica mais demorado que o anterior, mas nunca mais demorado que um segundo possa ser. Estou cansada desse ponteiro, mesmo não querendo escuta-lo, ele está lá. Mesmo não o vendo, sua imagem não sai da minha cabeça. Tento dormir novamente, mas assim que caio no sono o despertador toca.
Depois de 8 horas de trabalho na biblioteca, tudo que eu queria era poder chegar em casa, dar um beijo na minha garota e descansar a mente no travesseiro. Ainda teria que passar uma hora no trânsito por conta do horário de pico, sabendo disso, bati o ponto de saída e arrumei minhas coisas na mochila o mais rápido que pude, os esforços foram quase nulos.
No meio daquele rumoroso, buzinas e mais buzinas apunhalavam cada vez mais a minha dor de cabeça, que naquele momento, era quase insuportável, todos os meus pensamentos se voltavam para o aconchego de casa, ver minha princesa e nossos filhos, o Sovaquinho, um gato laranja extremamente carente, durante a madrugada não nos permite dormir em paz exigindo carinho, e o Solo, cachorrinho caramelo que apareceu sozinho na nossa porta numa manhã de sábado.
Eram quase 19:30 quando respirava aliviado vendo o portão de madeira que protegia outros 3 grandes pedaços do meu coração, os mais importantes. Colocando a chave no cadeado, senti um vento frio e ameno, nossa rua podia ser perigosa, mas nunca pude reclamar do vento frio, bastava poucas horas de roupa estendida no varal e estava tudo sequinho. Solo sempre gostou mais dela, não fez muita cerimonia ao me ver, fiz um breve afago, tirei meus tênis azuis surrados do dia a dia do trabalho, que sinceramente, não via uma escovinha fazia uns bons dias e entrei em casa. Logo tranquei a porta ao entrar, soube de imediato que o Sovaquinho tinha usado a caixa de areia que ficava embaixo do balcão próximo a cozinha, maldita areia barata!
Deixei minha mochila num canto atrás da porta, tirei a camisa suada do dia inteiro e fui entrando no quarto. Ela estava deitada na cama, na penumbra, sendo iluminada pela luz do banheiro que ficava ao lado. Ôh, mulher para odiar a claridade! Que bela visão tive, a luz batia no seu rosto, marcando o nariz mais perfeito que pude ver na vida, era quase como música, tudo naquela garota se conectava com harmonia, a silhueta da boca semiaberta parecia como dia chuvoso, nuvens grandiosas, tipo de dia em que na infância, você se senta na varanda de casa e apenas fica admirando a chuva cair, o tempo passar, ver a vida acontecendo, nada me trazia mais paz.
Foi uma semana difícil, era um daqueles momentos em que a vida descarrega todas as suas frustações, ela estava mofina, eu também estava, mas não podia deixar transparecer, deslizei minha mão no seu rosto, senti o perfume do seu cabelo recém lavado e dei um beijo, trocamos algumas palavras. Estava esgotado, fui beber água para hidratar a garganta, vi que a louça estava suja, pouca coisa, alguns talheres e copos do café da manhã, sempre gostei de fazer tudo ouvindo música, tenho tendencia à músicas relaxantes, Feng Suave, Dope Lemon, Hotel Ugly e coisas do gênero.
Estava no aleatório, as leves e suaves melodias da música começaram a se misturar com sons de choro vindo do quarto, aquilo foi como um tiro no meu peito, não tive forças nem coragem para perguntar o que tinha acontecido. Lavei 1, 2, 3 colheres, 2 pratos, 2 copos, tudo lentamente, a fim de adiar a realidade. O sabão escorrendo pelo ralo da pia fazia-me lembrar dela, o chacoalhar dos copos me lembrava ela, passar o nosso guardanapo do Snoopy para enxugar os pratos me lembrava ela. Não pude mais fugir, fui em direção ao quarto quando começou a tocar Shut Up My Moms Calling. Cheguei manso, sem saber o que fazer, meio que num impulso, pedi para que segurasse minha mão, hesitantemente me acompanhou até a sala, enxuguei suas lágrimas e colei seu corpo no meu, segurei pela cintura e sem dizermos uma palavra sequer, começamos a dançar.
De repente, tudo tinha acabado, não havia problemas, não havia preocupações, nem o dia seguinte, nem o cheiro terrível da caixa de areia do Sovaquinho, nem os latidos ao fundo do Solo porque algum gato passou na rua, nem as roupas para buscar no varal. Era somente nós, nosso momento, nossa dança desajeitada, o cheiro de perfume no ar, os batimentos sincronizados, a troca de calor, podia ver pelas sombras o movimento da sua camisola de usar em casa, fechei os olhos e estava entregue, essa é a mulher da minha vida.
Passou uns 2 minutos, como o universo é gracioso e brincalhão, nossa pausa da realidade, nosso breve refúgio foi interrompido, meu celular começou a tocar. Minha mãe estava ligando, mostrei-a, caímos na risada e em si. Estávamos de volta para a realidade.
Estou a meses começando e recomeçado diversas histórias incríveis, mas que nunca sairam de uma sequer página.
Nada parece estar bom para mim, nada parece estar bom para a plateia mental que criei. Estou em desespero porque ouso oque deixei para trás me chamae para denovo trazer a vida.
Oque eu faço? Se ainda acho que não sou boa o suficiente e desistio do que comecei.
Curso artes visuais, e recentemente estou desenvolvendo uma série de aquarelas para o trabalho final de uma disciplina. Tenho um pouco de dificuldade de falar sobre meu trabalho, ainda mais que o tema é muito pessoal, então decidi escrever um texto para complementar o trabalho, mas queria feedbacks sinceros antes de enviar para os meus professores pq tbm não quero passar vergonhakkk o texto:
O primeiro passarinho que matei era um beija-flor. Corri em direção ao pequeno corpinho esverdeado assim que ouvi-o colidir com o vidro da janela, afobada para que minhas mãos o encontrassem antes dos dentes do gato, que já vinha sorrateiro por detrás dos lírios com suas pupilas afiadas. Suspirei aliviada ao encontrá-lo ainda vivo, com o peito tremendo completamente descompassado e as peninhas eriçadas, desnorteado após cair dos céus. Como era sortudo o beija-flor, criatura tão pequena e indefesa, ainda bem que havia encontrado minhas mãos gentis para salvá-lo da própria ingenuidade de voar em busca das flores refletidas na janela.
Levei-o para dentro de casa, em êxtase por sentir seu calor em minha pele e seu coração batendo tão próximo ao meu, ainda desacreditada da minha própria sorte. Coloquei o passarinho em uma caixa de sapatos, lhe ofereci sementes, água com açúcar e até uma alamanda roxa, a mais bonita que consegui encontrar no jardim (ele era um beija-flor, afinal). Mas pareceu não gostar das sementes, e muito menos da flor, que eu havia colhido com tanto esmero. Permanecia encolhido em um cantinho da caixa, suas belas penas tão brilhantes ainda completamente arrepiadas. Percebi a respiração do bichinho ficando mais pesada, o peito expandindo e encolhendo em uma velocidade impressionante, será que estava com medo? Novamente peguei-o em mãos, na intenção de acalmá-lo com meu calor, talvez ele se sentisse melhor se eu o amasse um pouco mais de perto, com os dedos ao invés dos olhos. O acariciei lentamente com o dedão, sentindo a maciez de suas penas ao mesmo tempo que usava minha voz mais suave para dizer-lhe palavras carinhosas, mesmo que ele não conseguisse entendê-las.
Talvez ele viesse me visitar quando se curasse e voasse pela janela, talvez viesse ao meu quarto pela manhã retribuir o amor que era despejado sobre ele naquele momento. Não via a hora do meu beija-flor abrir as asas verdes e passear por entre as flores coloridas do meu jardim. Senti sua respiração se acalmando, e vi os olhinhos assustados finalmente relaxarem gradualmente, sorri aliviada, estava orgulhosa do meu feito, minhas mãos pequenas haviam provado sua gentileza. Porém, o pulso que antes fazia vibrar até a unha do meu dedo mindinho, se tornava lentamente imperceptível, as pálpebras cinzentas estavam imóveis e as peninhas eriçadas já voltavam ao lugar. Quando percebi a que fim a calma do passarinho levava, ele já jazia morto em meus dedos.
Prendi a respiração pelo que pareceram horas, incapaz de desgrudar o olhar do corpo estático diante de mim, o rosto adormecido, as penas macias e o resquício de calor penetrando minha pele. Em uma última tentativa desesperada, pressionei o peito do beija-flor contra o meu, na esperança de que meu coração, tão acelerado, fizesse bater o dele também. Nada. Minhas mãos, que tão pouco haviam tocado do mundo, agora tocavam a morte, totalmente despida e crua. Tamanha a covardia dela, de se apresentar, pela primeira vez aos meus olhos tão límpidos, por debaixo da minha própria pele, manchando minha alma virgem com as consequências do meu próprio amor.
Mantive o beija-flor pressionado no peito, com medo de olhar seu rosto imóvel novamente. O nó em minha garganta se intensificava, a ardência se espalhou pelo meu pescoço, pela minha nuca, pelas minhas mãos. Meu corpo inteiro ardia, doia, senti um calor implodindo em meu ventre enquanto pequenas plumas macias e brilhantes brotavam de dentro da minha pele. Minhas mãos, antes tão gentis, se alongaram em formosas penas verdes, embebidas de toda a culpa do mundo. Com minhas novas asas envolvendo o corpo do beija-flor, tomei coragem para olhá-lo mais uma vez, continuava imóvel, indubitavelmente morto, mas daquela vez o rosto adormecido em meu peito era o meu próprio. Abri a boca para chorar, mas tudo que saiu foi um piado triste.
Até hoje, uma década depois, às vezes me pego questionando, remoendo o destino do beija-flor que, assim como muitos outros passarinhos depois dele, jazem pútridos cobertos pela terra árida em um canto do jardim. Me lembro do momento que o encontrei caído, vulnerável aos olhos do predador que espreitava por entre as flores, e pondero se o instinto assassino do gato teria sido menos egoísta do que meu impulso de amar, se seus dentes pontudos seriam mais piedosos do que a inocência das minhas mãos. Esses dias vi um pombo caído na rua, ferido e arrepiado assim como o beija-flor de dez anos atrás, novamente senti as penas crescendo em meus braços, e me perguntei se, dessa vez, minhas mãos seriam mais gentis que o asfalto, se meu amor seria, finalmente, mais gentil que a morte
Fala, pessoal! Então, eu estava trabalhando numa cena que me fez refletir sobre como a dinâmica entre personagens pode carregar uma história.
Vocês também curtem usar gestos pequenos ou silêncios significativos pra mostrar que tem algo a mais ali? Ou preferem diálogos intensos, cheios de carga emocional? E aquela troca de segredos ou vulnerabilidades, onde um personagem baixa a guarda e o outro nem precisa responder, só estar ali? Confesso que esses momentos me ganham.
Existem esses dois que eu escrevo. Aurora é uma mulher reservada, fria e afiada (literalmente, já que vive cuidando de seu querido par de adagas), e Hazan, um cara teimoso, que adora lutar, não liga pro que os outros pensam, mas com aquele jeito de quem sabe quebrar o gelo na hora certa. Eles dividem silêncios, trocam provocações e, às vezes, deixam escapar vulnerabilidades que nem eles sabiam que tinham. Foi nesse clima que comecei a pensar: como criar relações que realmente toquem o leitor?
Esses dois são como gato e cachorro, estão em conflito o tempo todo, e acabaram entrando numa relação forçada por conta de uma maldição. Ou seja, eles são obrigados a conviverem um com o outro, mesmo que não gostem disso, e precisam dar um jeito de quebrar a maldição que os mantém juntos. A questão é, eles vão querer se separar após quebrar finalmente a maldição?
Por favor, compartilhem que tipo de cenas que vocês amam escrever, ou até aqueles tropeços que acabaram virando ouro na hora de construir conexões entre personagens. Bora trocar ideia e nos inspirar juntos!
Pra quem ficou curioso na cena que eu estava escrevendo, vou deixar aqui embaixo:
No topo de um pequeno monte, onde as nuvens se entrelaçavam como teias no céu, erguia-se uma taverna rústica, iluminada por tochas que dançavam ao sabor da brisa noturna. Uma melodia suave fluía do interior, criando uma atmosfera acolhedora para os viajantes e aventureiros que buscavam refúgio na penumbra lá fora.
Aurora estava de costas, sentada na borda do monte, a vastidão do céu estrelado bem na frente de seus olhos. Suas mãos limpavam o sangue de suas adagas com uma tira de couro branca já tingida de vermelho. Os passos atrás dela não a incomodaram. Já sabia quem era.
— Essas adagas recebem mais atenção do que qualquer pessoa que eu já conheci — Hazan comentou, parando ao lado dela e observando a cena com um sorriso.
— Talvez porque elas nunca me decepcionem — retrucou sem tirar os olhos do trabalho, a voz tão afiada quanto a lâmina que segurava.
Hazan deixou um balde de madeira ao lado dela antes de se sentar, um gesto despretensioso que parecia natural demais. Começou a remover as faixas que cobriam suas mãos, rangendo os dentes quando o tecido seco puxava a pele ferida. Aurora o observou de relance, mas nada disse.
— Aspen e Lunna estão bem — comentou Hazan, como quem tenta preencher o silêncio. — Flint está cuidando deles.
— Até que enfim ele serve para alguma coisa — Aurora murmurou, numa expressão indiferente.
Hazan respirou fundo e mergulhou as mãos no balde de água. O vermelho espalhou-se pela superfície como tinta em papel. Ele não parecia incomodado com a dor, apenas cansado.
— Treinando logo após se recuperar da luta contra Dorian — Aurora comentou, o tom despretensioso, mas firme. — Você sabe que as suas ações me afetam também, não sabe? A guarda escarlate não vai simplesmente ignorar.
— Eu derrotei o primeiro-tenente, e você derrotou o segundo, estamos juntos nessa. — Hazan completou, erguendo uma sobrancelha.
— E agora falta o capitão… Um pujante experiente. Dois minutos, se tivermos sorte. Se ele nos der até isso, já podemos fazer um brinde.
— Ótimo. A cerveja e a comida é por sua conta, porque eu não pretendo recuar — respondeu, um sorriso confiante em seu rosto.
— Com a sua habilidade de comer como se fosse um burro de carga, eu certamente vou sair no lucro. — A resposta veio rápida e seca. — Se for esperar que eu pague sua parte, vou acabar morando na rua.
Hazan soltou algumas risadas. Por um momento, o silêncio reinou. A melodia distante da taverna preenchia o espaço entre eles. Hazan trocava suas ataduras, e Aurora continuava limpando suas lâminas, os movimentos mecânicos, quase meditativos.
— De onde vem o couro branco? — Hazan quebrou o silêncio, apontando para a tira de couro. — Não lembro de nenhum monstro com essa característica.
Aurora hesitou, os olhos fixos no pedaço manchado em suas mãos. — É... especial.
Ele notou a evasiva, mas não insistiu. Deixou que ela mantivesse o mistério, algo que parecia fazer parte dela.
— Naquela luta contra Dorian — Aurora começou, sem olhar para ele — você não teve medo? Ele estava a um golpe de acabar com você.
— Não — Hazan respondeu, enxugando as mãos e levantando o olhar para o céu. — Vencer era tudo o que importava. E eu venci.
— Todo mundo tem algum medo… — Os olhos da polariana exibiam amargura.
— Até mesmo você? — provocou, empurrando o ombro dela de leve.
Ela desviou o olhar, como se o comentário não merecesse resposta. Mais uma vez, o silêncio se instalou, mas desta vez, não parecia incômodo.
— E você? — Hazan perguntou, depois de um tempo. — Do que tem medo?
Aurora não respondeu de imediato. Seus olhos subiram para as luas que brilhavam no céu, mas sua mente parecia longe. Quando finalmente falou, a voz era baixa, quase um sussurro:
— De mim mesma.
Hazan franziu a testa, surpreso pela honestidade. — Por quê?
Aurora segurou uma das adagas, observando seu reflexo distorcido na lâmina. A luz da lua desenhava sombras suaves em seu rosto, mas seus olhos estavam frios.
— Às vezes, penso em fazer coisas terríveis... — murmurou. — E, às vezes, eu faço.
Hazan não respondeu. Apenas ficou ali, sentado ao lado dela. O silêncio que se seguiu era pesado, mas não desconfortável. Depois de um momento, ele estendeu a mão, encostando na dela de leve, e ali eles ficaram por um tempo.
O que é uma travessia? Por que dizemos que atravessamos algo? Por que escolhemos esse termo específico? A etimologia da palavra travessia sugere o ato de passar de um lado para outro. Atravessar talvez implique perguntar de onde se sai e para onde se deseja ir. Mas por que a escolha de um termo que pressupõe um início, um fim e, sobretudo, uma ação tão objetiva e delineada? Atravessar é cruzar algo, é sair de X rumo a Y percorrendo um espaço que pode ser medido?
O que se atravessa? Países, estados, municípios? Conflitos, dores, amores?
Ao pensar sobre minha vida e meus movimentos, talvez eu prefira um caminhar sem calcular a rota, observando com calma os buracos, as esquinas, quem passa, se chove ou faz sol. Não consigo atravessar sem me cobrar tempo. Como atravessar sem pensar que poderia ter uma técnica para ir mais rápido, que deveria ter pegado uma bicicleta ou comprado um carro? Como atravessar sem temer ser atropelado se não usar a faixa?
Acho que não pretendo peregrinar eternamente, mas, diante da incerteza, prefiro não abraçar com tanto afeto os pesos que o atravessar carrega. Para mim, o caminhar permite olhar com ternura para o percurso, sem precisar focar demais nos sentimentos ou julgamentos sobre ele. Estou caminhando; neste momento, não importa de onde parti, e não sei exatamente para onde vou. Ainda não há pressa. Isso me ajuda a “não ver para ver”.
O que antes eu não observava, por estar sempre preocupado em atravessar, agora posso olhar com os dois olhos, pausadamente, se quiser. Apenas ver. Não precisa nem ter sentido — o sentido parece algo mais adequado ao atravessar.
E a rua não asfaltada? O que ela me diz? Que moro num lugar pobre? Que não fiz o suficiente para conquistar uma casa melhor? Talvez. Mas, na verdade, a rua não fala. O que não fala não me diz nada, ou talvez diga tudo. Ela é um mundo de possibilidades, assim como esta pequena reflexão.
E o vai e vem frenético das pessoas? O que isso me diz? Que o mundo perdeu o tom? Que eu deveria andar mais rápido? Que fiquei para trás e meu tempo passou? Que perdi o momento do amor? Não. O andar das pessoas não fala.
Ainda assim, é um pequeno mal-entendido dizer que as coisas não falam. Elas falam, sim. Falam por mim, através de mim, falam comigo. Elas são, por assim dizer, “cofalantes”.
Muito se fala em consciência — ter consciência, estar consciente, ciência, ciente. Quem está acordado está consciente, mas geralmente não é algo que perdemos tempo pensando sobre. Consciência implica intenção; não se pode estar consciente de “coisa nenhuma”. Não há consciência e consciência do caminho; há apenas consciência. A questão é: onde está nosso olhar?
Antes que me perca completamente em abstrações chatas, escritas para compor uma lógica de quem não tem muita certeza do que diz, volto à pergunta inicial: por que escolhemos atravessar em vez de caminhar?
Quando caminhar e quando atravessar?
Eu quero atravessar minha vida?
"As mesmas alegrias e dores, os mesmos prazeres e arrependimentos."
Todas as manhãs acordamos da mesma forma, embora nossa posição e humor possam estar ligeiramente diferentes em relação ao dia anterior. Vestimos as mesmas roupas, vemos nascer o e se pôr o mesmo sol, que de noite dá lugar à mesma lua. As horas do dia inscritas no relógio são as mesmas do dia anterior e serão as mesmas no dia posterior, se ele houver.
Dialogamos com as mesmas pessoas sobre os mesmos assuntos, visitamos os mesmos lugares, nada há novo debaixo do sol. Sentimos a mesma fome e comemos nos mesmos horários, variando um ou outro componente do prato. Fazemos o dia todo os mesmos ritos, repetimos os mesmos hábitos.
Nada difere de um dia para o outro, senão mínimos detalhes que passam despercebidos. Nossas são as mesmas alegrias e dores, os mesmos prazeres e arrependimentos. Pouquíssimos movimentos que fazemos diferem, minimamente, do todo. Apesar disso, nada há diferente no que fazemos, dizemos ou pensamos. São os mesmos incômodos, as mesmas murmurações; mas, também, os mesmos picos de felicidade, paz e satisfação, embora menos frequentes em comparação ao restante da cadeia de eventos diários.
Assim é dia após dia, mês após mês, ano após ano, século após século, vida após vida. Nada há novo debaixo do sol. O que é já foi, e o que foi virá a ser novamente. Nem mesmos os sonhos da noite, embora mudem de forma, deixam de falar do mesmo assunto; apenas o expressam com novos símbolos. Como Sísifo, carregamos nosso dia até o topo da montanha, apenas para recomeçar ao amanhecer?
Qual é o cheiro daí?
A morte, pouco dela entendo, muito escuto e muito pouco temo, por ora. Como a natureza pode ser assim? A vida vem, mas também vai, e em pensar que quando vão, jamais voltam, e no presente, a única coisa que fica viva são as memórias, resquícios de um passado onde ela pertenceu. Este ciclo que a vida tem, em que vidas são renovadas por novas constantemente, faz-me pensar o quão somos aqui passageiros, hóspedes nesse mundo, e nós, carecemos de compactuar que bons momentos sejam criados, para que boas memórias sejam de bom grado bem lembradas, dando continuidade ao inerente ciclo que não há como interromper.
Muitas pessoas de fora do nosso meio veem o ato da escrita como algo banal, simples; apenas "sentar, esperar por inspiração e escrever". Porém, sabemos que não é assim que acontece. Se você tem a pretensão de embarcar no ofício da escrita e, quem sabe, viver dessa arte, deve ter consciência de que a escrita criativa exige um mínimo de técnica, um passo-a-passo que nos ajuda a encontrar fluidez no texto. No vídeo de hoje, eu compartilho dicas de como começar a escrever para ganhar amadurecimento literário e encarar a escrita com mais empatia, sem transformar a página em branco em um desafio intransponível.
NESTE VÍDEO:
Lembro-me quando, há muito tempo atrás, meus olhos eram do tamanho do horizonte; eu podia ver além do que cabia em mim. Mundos inteiros eram incapazes de passarem batidos pelas minhas retinas; eu conseguia enxergar possibilidades infinitas para caminhos finitos.
Agora, no entanto, sinto que estou ficando cego, minha visão obscurecida não vê além do próprio espaço onde estou presente. As pupilas que antes viam caminhos, mundos e horizontes nada veem agora senão unicamente o lugar onde piso a ponta dos pés, impossibilitadas de me precaverem de pisar falso ou cair em buracos. Os olhos que faziam-me sentir um espírito livre fazem agora de mim um pequeno corpo confinado dentro do espaço que ocupa.
Gente, tô fazendo uma fanfic do senhor dos anéis no Wattpad. Não é 100% fiel aos livros, pq eu nunca li e não conheço. Eu só estou usando o mundo e alguns personagens. Se alguém quiser ler e souber se tem alguma coisa errada, tirando é claro a história que vai seguir um curso alternativo e inédito de eventos, pode comentar. Eu não sei o que vou fazer com ela quando eu terminar, talvez mudar o nome dos personagens e crie alguma coisa baseada em senhor dos anéis, mas obviamente não oficial. Adorei a série, reassisti todos os filmes agora com uma cabeça mais madura e fiquei com vontade de fazer alguma coisa sobre. Não pretendo ofender os "fãs de vdd" kkk. Fiz como um tributo.
https://medium.com/@cadaverminimal/solid%C3%A3o-paulistana-40-flores-vermelhas-final-ffbc69274212
Olha... Esse texto revela muito sobre o que pensei. Sobre o que senti. Sobre vários momentos da minha vida. O que eu queria dizer com ele... Nem mesmo eu sei. Coloquei num formato experimental que chamo de "texturas". Múltiplas camadas de interpretação. E alguns pontos de interligamento. Busquei mais o inconsciente do que o consciente.
Por muito tempo, eu, envolto por desesperança, acreditei e ainda acredito num futuro de incerteza onde o sol não brilhará, mas, muito mais do que isso, onde uma alma sorridente descansará. Triste mundo este, que cobra de todos, mas nem todos tem como pagar.